quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Onde homens nunca aceitam a derrota

por Marcius Cortez*

 

O jovem Fidel Castro (Nova Alexandria, 160 páginas, edição ilustrada), que recentemente chegou às livrarias brasileiras, é uma obra com concisão e inspiração. No entrelugar do tempo, datado de 1953 a 1959. Sem medo de assumir sua admiração pelo biografado. Onde ficção e história testemunham que a sociedade pode ser transformada desde que hajam homens que jamais aceitam a derrota. Fidel nunca foi uma invenção de si mesmo. A partir das suas inabaláveis convicções ideológicas, ele reinventou a revolução ao fazer de Cuba mais do que uma ilha que disse não à eterna dependência.

Com uma narrativa contemporânea, O jovem Fidel Castro avança por seus liames fazendo ver que foi um livro pensado, pois há uma amarração adequada. De repente, nos dois últimos capítulos, a seqüência histórica se rompe para que o leitor fique a refletir sobre o que foi a revolução cubana e porque se manterá, até mesmo se um dia ela vier a acabar.

O jovem Fidel Castro tem um conjunto. É um relato anti-narcisístico, por excelência. O autor não entra em disputa com o objeto da sua obra. Fidel pode ser assim explicado com clareza e apuro. Roniwalter Jatobá consegue não se afastar do despojamento revolucionário desse grande vulto da história do século XX e XXI, tanto é que o livro descortina um lirismo embora se mantenha firme ao não compactuar com o estilismo fácil, realizando uma obra no ponto maduro e fértil.

 

*Marcius Cortez é crítico e autor de O golpe na alma

 

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